Destinado a técnicos de saúde, do trânsito e motociclistas, o Fórum aconteceu no dia 1º de julho, no Auditório da Faculdade de Medicina da USP, com o objetivo discutir e criar propostas para ocorrências com graves consequências, que acometem com frequência parcela da população jovem no auge de sua produtividade e demanda boa parte dos recursos de saúde: Ênfase especial para acidentes com motos. Participaram dos debates, médicos, técnicos e autoridades, abordando vários aspectos da guerra silenciosa que diariamente ocorre nas avenidas e estradas do Brasil.
Até 1996 havia uma tendência declinante dos acidentes de trânsito e vítimas fatais. Sem maiores preocupações entraram em uso as motocicletas, veículos utilizados no transporte pessoal e de pequenas encomendas.
Foi vetado o artigo do CNT que dizia que a moto tem de ocupar o espaço de um carro e fazer ultrapassagens normais como nos países civilizados. Os riscos não foram avaliados. Sem que houvesse maior discussão entre responsáveis, mídia e sociedade, não houve preparo. Criamos uma tragédia nacional com os números de acidentes e vítimas fatais aumentando vertiginosamente.
Atingimos cerca de um milhão de motos em uso, em vias inadequadas, com pilotos nem sempre cuidadosos. Há uma verdadeira guerra no trânsito. Daqui a algum tempo teremos todos os leitos hospitalares ocupados por acidentados, fora os mortos que não são poucos. A motocicleta enseja 17 vezes mais riscos que outros veículos. Estatísticas indicam que a cada 830 motos que entrarem em circulação, ocorrerá um acidente fatal.
Há um conformismo da população com os números trágicos. Falta de responsabilidade social da indústria no silêncio sobre os riscos. Passividade da mídia. O congestionamento é a grande preocupação. Há uma insensibilidade para o acidente: Como aconteceu? Quantas vítimas? Como poderia ter sido evitado? São preocupações menores. Agora temos de remediar. Faltou prevenção. Necessitamos de um processo de formação continuada das novas gerações, incluindo consideração humana, trânsito, cidadania, começando cedo na primeira infância.
Há que se fazer um esforço impulsionado pela sociedade para uma campanha continuada de conscientização para maior civilidade e cidadania.